terça-feira, 24 de junho de 2014

Galo. Primeira parte.

Galo poderoso. Em tempos de fome o preceptor da família V. batia com a pedrinha branca na parede. A parede era de barro e não causava muito ruído, apenas o suficiente para formar uma linda harmonia. O silêncio era atroz, mas a pedrinha, sua única amiga na noite solitária era o metrônomo de preciosas canções.  O raio solar rompia a janela e pousava o calor na face do guerreiro. Seus pés descalços e sujos tocaram a terra dos irmãos. Não temia nada, por ter a paixão em seu coração, que se alegrava ao ouvir o canto do galo,  que parecia louvar e dizer sobre a natureza  que brotava em seus olhos brilhosos. A dor da noite se transformava em elixir, diante da bela de olhos azuis que trabalhava também na fazenda. O guerreiro é a voz de Deus sem palavras. Pedra? Não. Escorrem sempre lindas águas cristalinas entre seu nariz longo e delgado. As luzes? Elas vêm nos dias de ecos distantes, quando a ventania traz no seu imo os preâmbulos da tempestade. Há choros reanimadores, de consciência tranquila, diante de um pai que brilha; assim como um choro atroz, de quem não pôde ser forte. A poesia veio cedo ao seio da família, junto com a bela de olhos azuis  que inspirou toda uma geração de apreciadores do sol, e do canto dos galos!

Ives vietro

7 comentários:

  1. Certamente a poesia morava no seio dessa família do preceptor V... Lindo de ler, lindo, lindo! abraços,chica

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  2. E a poesia quando entra nos corações tem o poder de atenuar dores, de encher a noite de luzes, de reacender paixões.Feliz daquele que consegue com uma simples pedrinha transformar a fome, as dificuldades em preciosas canções plenas de harmonia. E assim brilha um pai que " de consciência tranquila " , mesmo não sendo forte é capaz de apreciar o sol e de se encantar com o simples canto dos galos. E isto é música...é harmonia...é pura poesia.
    Obrigada Ives pelos belos textos que noss levam a refletir na importância que devemos dar aos amigos, à natureza,...aos afetos, enfim. Tudo o resto é ...secundário, simples rótulo. Um beijinhos
    Emília.

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  3. Quando se tem alma de poeta, não há como não apreciar a poesia presente em todas as coisas...
    Linda postagem!
    Beijos,
    Mariangela

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  4. Oi, Ives, texto bem poético percorrendo lembranças antigas...o cantar do galo, quase tão antigo quanto a lida humana...muito bonito e gostoso de lembrar!
    um abraço

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  5. Parabéns Ives meu amigo...muito lindo...muito maravilhoso...muito poético...tudo muito bom...kkkkAmei. Dilene.

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  6. A poesia está em toda parte....

    Muito belo caro amigo poeta...

    Abçs

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  7. Mais um texto que me encantou, Ives!
    Bjo :)

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