Olhos azuis, olhos azuis. Só há brilho se a luz reflete o
azul, dos olhos. O café da manhã era o olhar ao espelho, um gole de água da
moringa, e um beijo na foto da mãe. Afiava a enchada e caia na labuta atroz. As formigas lava-pés subiam
pelas pernas, hora de parar e fumar. Nesses átimos momentos se inspirava no
futuro. Casa, esposa, amor. E foi também num desses raros instantes de
felicidade que cruzou o olhar com o da mulher mais bela da fazenda. O “feitor”,
como um chicote em formato de palavras, imiscuiu-se: volta ao trabalho seu
vagabundo. E outro olhar desafiou o “patrão”, que sentiu tarde demais o
ventinho da enchada passando pelas suas pernas e o atingindo no maxilar. Na
cadeira o menino rabiscava no coração a menina de cabelos lisos, compridos,
negros, brilhosos, sedosos...! O horizonte azul se misturava cintilantemente
com o semblante levemente sorridente da linda donzela que observava o menino de
honra e fibra. Há limites para falas, e elas voltam sempre, e sempre rabiscam
loucas lições na estrada das flores. Foi só uma noite na cela, lá, dentro de um
presídio. Fora continuaria a labuta, na mesma fazenda, já que o fazendeiro
pediu perdão ao menino e disse que ninguém tinha o direito de ofender ninguém,
ainda mais um trabalhador de sua estirpe. Noutro dia de trabalho forçado o menino
segurou os braços do Senhor que caia de tanto cansaço. Vou carpir sua parte
hoje, Senhor. Ah, mas a natureza é o amor gerando as estrelas, eis que o senhor
era pai da bela de olhos felizes.
Só há brilho se a luz reflete o azul, dos olhos. você Ives meu amigo é fantástico...parabéns. Amei. Edilene
ResponderExcluirUm conto belo! Destaco: ..."Há limites para falas, e elas voltam sempre, e sempre rabiscam loucas lições na estrada das flores..." Isso é um profundo pensar, Ives!
ResponderExcluirAbraço.
Belas palavras, meu amigo...
ResponderExcluirUm olhar que tanto diz, tanto reflete nos próprios gestos...
adorei!!!
Linda noite
^^
Lindo!! O olhar sempre nos revela muitas coisas!
ResponderExcluirbeijos
Oi Ives, há poesia, naturalidade e sensibilidade numa narrativa que se expande. Gosto muito. Voltarei sempre. Um abraço.
ResponderExcluirUm jeito de contar que nos deixa presos às palavras...
ResponderExcluirAbraço.
Belíssimo,Ives! Parabéns! abração,chica
ResponderExcluirMaravilhoso texto bem construído, a poesia salta aos olhos e o sentimento aflora da intimidade do pensar e do viver.
ResponderExcluirum abraço
"Ah, mas a natureza é o amor gerando as estrelas"
ResponderExcluirFiquei a pensar com essa frase...
Lindo e poético, Ives!
ResponderExcluirAcho que os olhos azuis da menina acrescentaram sonho ao pesadelo do menino.