Galo. Terceira parte

Olhos nos olhos, olhos nos olhos. Homens se olham nos olhos e o senhor de pele clara e de semblante agradecido não esqueceu a ajuda fortuita. Acasos são sombras, e veremos face a face...! Lá do alto da colina uma miragem se transformou em realidade, repentinamente a bela estava diante de suas pernas tremulas. Trazia a segunda refeição do dia num bornal aquecido pela caridosa mão de filha que sabe do prazer que o pai recebia nessa hora ímpar.

-Tem almoço menino? Anuiu o Senhor.

Esta na honra a devolução de uma atitude. A menina mesmo sem entender a razão de o pai estar junto àquele menino de aparência esfomeada ofereceu da moringa água fresca do poço de sua casa. Educação vem da luz. O menino estava realmente com fome, não tinha mãe, nem pai, e o fumo de corda cortava a fome até o por do sol, quando a sua irmã termina o jantar ralo. A fome dói mais, e não se fez de rogado ao aceitar das mãos delicadas um pratinho de comida. Ele que já observava tantas vezes de cima da árvore, tão cintilante figura caminhando para igreja, mal podia se conter de alegria.

-Você não vai à igreja?

Interpelou a bela que junto aos céus seus olhos eram angelicais.

-Esta vendo este saco de arroz enrolado em mim? É a única roupa que tenho.

Desta vez a menina fechou o semblante e do sol um raio luminoso afetou o coração dos dois!

Mesmo numa fazenda distante de tudo, as diferenças sociais são evidentes, e não era  diferente entre os dois que se falavam além das convenções humanas. Mas na prática as coisas não são bem assim. O Feitor, com o maxilar inchado aproximou-se da bela sorrindo. Ela ainda com os olhos umedecidos pela situação do menino fechou ainda mais o semblante, e numa carranca, enrolou o bornal e saiu em disparada rumo a casa.

Eis que a história começa aqui. O feitor esta enamorado da bela de olhos azuis. Não seria fácil para o nosso guerreiro atravessar as paredes do tempo e anunciar ao seu próprio espírito o brado de vencedor?