segunda-feira, 30 de junho de 2014

Galo. Quarta parte

À sombra da flor o aroma pulsante. O amor brota pujante, e não há nada que possa parar as raízes, nem mesmo o solo duro do coração dos desumanos. Latentes visões domingueiras, que do alto da árvore chorona inspirava-se em poesias ao avistar a saia suntuosa que usava a menina dos sonhos de cinderela. O pai, ao longe avista suas dignas filhas trocarem uma ou duas palavras com as amigas, até que num assovio autoritário aludia o preceptor que a missa já ia começar. De cabeça curvada as meninas entravam na capelinha simpática da fazenda. Rezavam duas horas, recebiam a hóstia e se entregavam aos sabores da casa! Era dia de comida especial. A flor da nossa história, no domingo de páscoa, ao colocar os pezinhos para fora da igreja fora interrompida pelo feitor, que pedira ao pai um segundinho de prosa com a filha.
-Linda Maria, posso acompanha-la a sua casa?

Aturdida pelo inesperado, assentiu mesmo sem querer, e os dois andaram lado a lado cortando os olhos do menino que sangrava no peito.  Olhou-se melindrado, mas nunca destemido. Precisava arrumar logo uma roupa de domingo para ao menos poder aparecer de forma digna diante de Maria. O menino desceu da árvore e foi ter com um dos seus seis irmãos que dividiam a casa pobre, no final da fazenda perdida. O mais velho da família ficou como educador, depois que o pai partiu com um relâmpago para o Hades, e a “mama” que fora levada pelo arcanjo ao deixar duas lindas formosuras no plano terreno. Era uma “brigaiada” só, e o pouco do dinheiro arrecadado por todos ficava aos poderes do Domingos, que aprendeu com o relâmpago a esculpir na efígie do tempo, a forma de segurança do porvir. Fazer o que? Assim se defendem outros guerreiros. O menino foi para a cama com fome, após alguns pontapés do Domingos. Era o castigo por desafiar a autoridade de progenitor insistindo em algo impossível. “Não tem nem mesmo para o pão seu vagabundo”. Apesar da fome apeou do seu cavalo branco e beijou as mãos da menina de olhos azuis que usava a saia mais cintilante dos céus, tudo isso antes de acordar e descobrir que mais uma segunda-feira começaria.

5 comentários:

  1. Torço pelos ventos da mudança, porque o amor merece...
    Um abraço

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  2. O amor merece, mas o preconceito impera...

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  3. Assim nasce o amor. Sem ver roupas vistosas nem vidas faustosas.
    A vida começa sempre na simplicidade do olhar.
    No desejo se se falar e de se compreender.

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  4. Lindo,.Ives.Sempre !E imagino o menino na árvore vendo toda aquela cena à saída da igreja! abração,chica

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  5. Bonito Ives , torço para que de
    td certo, parece que vejo o menino na arvore
    vendo as coisas acontecerem
    Abraços de sempre
    Bjussss
    Rita!!!!

    http://cantinhovirtualdarita.blogspot.com.br/2014/06/torta-de-macarrao.html

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