O dono da fazenda do alto de sua mansarda observava o sol
espelhando o verde das folhas dos
cafezais. Sentado na cadeira de
balanço pensava, constantemente, em maneiras de tirar o máximo que podia do
sangue dos serviçais. Entre as reflexões fumegantes, e o delírio dos breves
cochilos depois do almoço, despertou-lhe a ideia de colocar alguém mais
inteligente como feitor, alguém que não se deixasse levar pelas inocentes
emoções. Precisava garantir o café da manhã farto, com as delicias reais que
proporcionava o campo, e nada impediria a sua ambição de alçar voos cada vez
mais altos. Levantou-se e foi a cavalo espreitar de longe algum escravo mais
ousado, que pudesse coloca-lo sob-rédeas curtas, como fazia com seu cavalo.
Apeou e caminhou entre as moitas até se colocar na posição que não seria visto
por ninguém, já que sabia exatamente a altura da labuta em suas terras. Lá
longe, mal podia se conter de contentamento ao avistar o menino que fora preso
por desafiar o seu feitor. Era um
menino, porém a velocidade a capacidade de trabalho transformavam-no num homem
perfeito. "basta algumas represálias e quem sabe ele fica "ajuizado".Queria dispensar o atual feitor, não só pela sua incapacidade como
também pela fama de aliciador das meninas mais desamparadas da redondeza.
Poderia trazer-lhe graves consequências. Não podai arriscar. Perder, seja o que
for, não faz parte do jogador que aprendeu no seio da família todas as tramoias
morais, que mesmo que fossem sujas, não o impediria de cavar cada vez mais
profundo os pensamentos humanos, para que de lá pudesse trazer de volta as
ferramentas mais recônditas, aquelas que são quase imperceptíveis aos olhos
mais singelos. E subitamente saiu andando entre seus “funcionários”.
Aproximou-se do menino e o interpelou: “Perdoe-me, mas ainda não sei o seu
nome”. Aturdido o menino balbuciou algo antes de se interar de que não podia
responder claramente, mais pela sua boca seca, que pela surpresa de ver o
próprio patrão diante de si.
-Ives.
Respondeu firme de olhos penetrantes.
O patrão, nesses primeiros momentos de contacto com o
menino, já decorrera todas as possibilidades. Se o menino seria caro, o que
faria para mantê-lo preso aos seus caprichos, como faria para alicia-lo em seus
desejos mais profundos. Claro que um jovem menino, cheio de outras garotas ao
redor, não hesitaria em ver-se laureado por uma indumentária mais luxuosa. E
foi com um olha afetivo que respondia:
-Gostaria de conversar a sós comigo? Vamos dar uma breve
caminhada enquanto lhe falo.
E saíram caminhando lentamente. Claro que todos os outros
serviçais, espantados, num alarido surdo, cochichavam sobre a ação do Senhor da
fazenda.
-Ives, tenho pensado em trocar o meu feitor, e não tenho
ninguém mais em vista do que você que é corajoso e forte como um touro.
Elevarei o seu salário, poderá comprar roupas, tudo o que quiser. Os olhos do
menino brilharam, mesmo porque não havia saída, o mundo dos que vivem numa
bolha não podem enxergar além da parede espelhada!
Estou adorando ! abração,chica
ResponderExcluirOi, Ives...que situação difícil... quando é única a porta da saída para um menino ...que o Criador se apiade de sua criatura!
ResponderExcluirUm abraço
Muito bem contado.
ResponderExcluirQuando não há saída a vida pode tornar-se difícil. Você nos dirá o que acontece a seguir...
Abraço.
Já temo por esse menino...
ResponderExcluirAbçs