quarta-feira, 4 de maio de 2016

Amor 3

Em meio a turbulência um convite inesperado e um tanto tentador tomou conta do meu ser. A Mulher queria viajar milhas e milhas a encontrar a razão de o seu coração descompassar ao ver a minha imagem do outro lado. Algumas vozes costumam voltar num espelho profundo, e foi com lágrimas que neguei tal encontro; do outro lado, lembrava do meu amigo que dizia com os olhos o quanto sofria ao ver a ex esposa nos braços de outro: desconfiava de que já haviam certos laços amorosos entre os dois. Agora, ali, diante do espelho era eu o algoz de alguém? Lembro-me bem do momento em que disse não. "Que isso I..., tu és um garanhão, não deixe de se aproveitar das graças de tal beldade." Mas no fundo não me arrependo não. Quero seguir com meu peito em paz, apesar de estar envolvido ainda numa gama de pesares. A moralidade é tão relativa ao tempo, mas lá dentro a chama da bondade passa pela razão e volta com uma resposta. Temos sim a medida da bondade, seja em que século for. Distanciei-me do ser animal que ataca por fome, ou por insegurança, agora nasce entre a razão o encontro com o espelho! É a consciência na voz divina que traz à luz ecos do passado. Busquei alguns conselhos, mas acreditem, só há respostas no raro julgamento que temos em nós. Temos a difícil tarefa de sermos o que somos, mesmo que possa parecer infantil, tolo ou desajuizado. Os olhos choram, mas na película da luz, a imagem que se segue torna a alma leve, apesar do sofrer. Assim sentia-me quando entrei no meu quarto e passei a sentir saudades do velho Ives que não perdia uma só oportunidade de mergulhar nos prazeres da carne. Mas agora, não era a carne que brilhava, mas sim uma estrela que impelia os dois corpos.

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