segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Paixão?

Ela tinha o olhar que a minha imaginação trazia. Nos sussurros dos amigos de colégio sua figura se fazia. Uma vez estive no átrio de sua casa suntuosa. “Fui visitar o irmão” que estudava na mesma classe, e que por culpa dos meus fantoches estava no mesmo grupo de trabalho. Ah, a paixão pode tanto, perigosa. Senti seu calor nas minhas costas enquanto “ensinava” matemática para o irmãozinho inocente. Visualizei a penumbra, mas não pude deslumbrar plenamente a silhueta misteriosa. Meu coração palpitante chegou a pairar no ar, e um suspiro breve denunciou a minha vontade atroz. A expectativa crescia a cada dia. Com o tempo descobri que ela frequentava uma igrejinha perdida no pé da colina, dos arredores da vilazinha que morávamos. Depois de perscrutar minuciosamente soube que a igreja se tratava da mesma dos meus pais, que estavam indiferentes com a minha alma diferente. As noites enluaradas passavam lentamente e eu ainda não avistara a menina-fada dos meus sonhos de criança. Quando a minha mãe disse: Tem uma menina linda que frequenta o culto com a gente. Mais uma vez meu coração saltou comovente, ao ouvir a minha mãe terminar. Não que ir com a gente? Procurei uma vestimenta adequada, porém as calças perderam a cor, as camisas estavam velhas, e os sapatos antiquados: nada mais era adequado. E, foi num domingo gostoso, de sol que caia lentamente, exalava o aroma da terra, da lua branca, branca, saudosa, alegre, enfeitiçado. A expectativa pode tomar o rumo inverso, mas nestes versos, são os laços, de uma estrela brilhosa. Enquadrou-se, elevou-se, apossou-se de mim. Mas eu não estava pronto, e andava como tonto, babando pelos arredores. Subia nas árvores e inalava os vapores das nebulosas, os rios das águas cristalinas refletiam a bela de tranças negras, e cujas mãos pertenciam às nuvens, de algodão. Não estava preparado para aquela invasão súbita de sentimentos desencontrados, a paixão tomou-se um tormento. As águas da cachoeira diziam ao contrário dos meus “magos”, que dilatavam as minhas veias a esquecer o tamanho do meu amor. Mas as águas não são magos, e falam no imo do fado, à moda da canção. As águas podem lavar as faces do presente, mas não podem levar o que me deram de presente: a justa calma para amar novamente, e quem sabe, independente do aparente das ilusões, que crescem ou murcham num instante. Ives vietro

14 comentários:

  1. Assim como as águas lavam e levam as impurezas, deixam também momentos reconfortantes de uma paixão tranquila, jamais de tormentos. É o ambiente calmo pra se amar independente do aparente, das ilusões! Vive-se o momento somente! É magia pura!
    Abraços.

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  2. Que linda descrição desse encontro com a paixão.
    Tão arrebatadora, tão forte...

    Que você tenha uma ótima semana,
    meu amigo...
    Xêro

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  3. O bom é quando as lembranças não se tornam torturas na alma. Precioso texto. Lindo dia. Bjs

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  4. Oi, Ives...meu velho pai sempre dizia "o primeiro amor jamais se esquece!"... de fato, uma experiência inesquecível.
    Um abraço

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  5. Que lindo e sempre uma nova chance ao amor pode acontecer! abraços,chica

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  6. Oi menino
    Um amor idealizado que se acaba com o tempo, mas fica marcado para sempre.
    Abraço

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  7. Oi querido amigo, adorei o post!
    Tenha uma ótima semana, Deus abençoe!

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  8. Vc me fez recordar do meu primeiro amor. Parabéns escreve muito bem.


    Os seguidores do Café entre amigos elegeram os melhores blogs de 2014, parabéns o seu está entre os vencedores. Convido com muito carinho para vi conferir o post e receber o selo especialmente criado para os eleitos.
    http://www.cafeentreamigos.com/2014/12/seguidores-do-cafe-entre-amigos-elegem.html

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  9. Um texto excelente sobre um amor que se agarrou à pele...
    Abraço, amigo.

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  10. Eita, tenho certeza que esse texto poderia ter ficado maior hehe...tava inspirado, viu?
    Abraçitos

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  11. Olá Ives, a descrição da paixão sentida foi tão real e intensa, que fez com voltássemos por "um segundo" ao passado e recordado também a primeira paixão ou será o primeiro amor? Parabéns! Excelente texto! Tenha um feliz domingo. Abraços...

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  12. Lindo, Ives... como um mini-conto de amor, muito bem escrito. Passou fascinação pelo que sentia, e medo... por perceber que não estava preparado. Um abraço!

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  13. E quem nunca teve uma paixão dessa? São tantas e tão intensas.. Mas a primeira, a inesperada, a gente nunca esquece.
    Parabéns, rapaz, pelo Xícara de Ouro! Muito bom!
    Boa semana!

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  14. O amor sempre o amor !!!!!!!!!

    Parabéns pelo Troféu Xícara de Ouro!
    joturquezzamundial
    Beijos.

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