O amor cresce na proporção áurea, e mesmo a distância, os
dois que se encontraram num dos ângulos da dimensão dourada, sempre estarão
conjecturando a razão de estarem separados. Não estão, todavia. Dentro da bolha
terrena as linhas que se cruzam são ínfimas diante do universo, talvez
limitadas. A Srta dos dedos abençoados bordava ao léu uma letra na toalha que
serviria como pano de fundo do cenário da história do nosso Senhor: grotesco,
apesar de cavalheiro. Enquanto o dia dava o adeus à lua forte, o menino lado a
lado do pai de Maria, confabulava histórias mirabolantes de seus ancestrais.
Não eram amigos ainda, mas o destino pousou suas asas diante da honra, e seria
com sangue que seria lavado a alma do guerreiro. Maria furou os dedos, e num vaticínio
vermelho viu no horizonte o sol que nascia! Não pregara o olho. A paixão não
requer descanso, mas o que incomodava Maria era o fato de conhecer muito bem o
pai que tinha. Sabia das histórias que sua mãe aludia às vezes. “Foi um passado
violento, de estrofes que seriam melhores serem tiradas da canção”. O velho
pegou nos braços e entraram pelos cafezais. Ao pé do ouvido o senhor apenas
disse:
-Aceita o trabalho. Ficaremos mais perto do coelho.
Ao regressarem à casa naquela manhã gelada, Maria os
observava com um olhar absorto. O pai mandou o guerreiro fazer-lhe uma visita no
domingo pela manhã, antes das corujas irem dormir. A pesar de a mãe e Maria
estarem felizes por prepararem o almoço no dia da visita do homem Ives, as duas
trocavam sussurros tenebrosos, com laivos de horríveis suspeitas. Ao ser
colocado a mesa o velho ofereceu um copo de vinho tinto ao convidado. Brindaram
e todos sorriram um sorriso amarelo. Após o almoço o velho retirou-se e assentiu
em doar uma hora para Ives, conquanto que ficassem à sua vista. De frente Maria
era a formosura viva. A alegria resplandecente recobria os pensamentos
intempestivos que invadia o coração dos dois.
-Não de ouvidos ao meu pai, seja lá o que falaram!
Ives assentiu com um olhar fulgurante. A menina possuía em
si a inteligência dos simples, que sem abrirem um único livro são capazes de
desvendar muito mais os mistérios sibilantes nas entonações das palavras, que
muitos doutos enfurnados na teoria. A mente livre produz a largos passos as
ondas flutuantes.
-Fique tranquila Maria. Agora só quero continuar a
visitando. Gostaria muito de poder vê-la duas vezes por semana. E na “voz” do
gavião de peito estufado, pediu Maria em namoro. Desta vez, com a força acima
das camadas da pele ela assentiu.
-Sim.
Não poderia beija-la. O pai estava por perto, de olhos
acesos. Agora Ives sentia medo do velho. Diante dos fatos as ovelhas aparecem,
e são os leões que as devoram. Mas não terá no mundo uma força ainda maior?,
capaz de suplantar todas as vilanias terrenas? Será que o mundo esta fadado a
se transformar no que os grandes pensadores esperam? Uma bola de cinzas?
Olá Ives. Tenho estado bastante ausente. Aqui é Verão e, claro, tempo de férias. Estive uma semana com os meus netinhos e para a próxima ausentar-me-ei de novo. Mas, sempre que possa visitarei os meus amigos. Li tudo novamente e estou curiosa para saber a sorte do Ives. Espero que consiga realizar o seu sonho, mas....dos grandes, infelizmente, temos de desconfiar um pouco, embora, como em tudo, haja excepções. parabéns pela bela escrita e cá estarei então, logo que possa, para acompanhar este teu conto. Tudo de bom, amigo. Um beijinho
ResponderExcluirEmília
E agora Ives?...o amor é um fato...o pai está colaborando, mas...o que o destino reserva?
ResponderExcluirum abraço
Ives, não tenho tido tempo para ler com cuidado este "seriado". Fá-lo-ei logo que tenha esse tempo de concentração. Entretanto, tudo de bom.
ResponderExcluirBjo :)
Não acredito que Ives se intimide com o velho por perto...abração,chica
ResponderExcluirEstou muito curiosa para ver o desfecho...o pai está ajudando...:-)
ResponderExcluirGostei muito do pormenor "antes das corujas irem dormir"...:-)
xx