Pense na fome que nunca assolou sua barriga, e ainda a falta de palavras consoladoras! E um rio margeava a fazenda de águas choronas! Um homem de família esfomeada habitava as áreas da Terra. Sim, era fragmentada numa porção usurpada! O homem que passa fome se humilha além das convenções, já dizia o meu pai, relator do caso que documento nestas folhas caídas, da árvore chorona! A seca chegou com seu manto de poeira sobre as estradas fumegantes, os moradores da fazenda roubada não tinham mais o que comer, e as palavras do “senhor” das terras magoavam ainda mais os pobres esfolados! O homem de pés no chão, aviltado em seu imo paterno, viu-se impelido a buscar o pão! Ousa-se com segurança, mas solitário, o homem é responsável pelos seus próprios passos, distantes! A fome ensina a voar, e uma águia é uma efígie a homens que precisam andar!
O homem foi até o senhor das terras, pediu o que comer a seus filhos! Dolente, quanta gente passa essa dor de pedir o que comer, a essa outra gente, que diz não poder oferecer: vira vício, pega, e não vão mais embora. E pelo vão da porta o “senhor” deu cinco tiros no pobre trabalhador! À moda dos imperadores que não permitem laivos de insurreição, não doam corda a essa gente de pés no chão!
Que dor. O pobre ainda deu alguns passos e abraçou a arvore chorona. Do espasmo ao ultimo suspiro, sucumbindo, despedindo-se da Terra dos irmãos. Deixou um rastro de sangue na arvore chorona!
Antes do tiro, o arcanjo segurou o pobre pelo pescoço e disse: não vai doer não!
Os moradores das terras sujas aprenderam! Deixaram a fome assolar mais um pouco os filhos que logo se acostumariam com a vida dura no campo! Mas algo extraordinário aconteceu, e todos, até das outras fazendas apareceram para ver, a mancha na arvore chorona que nunca desapareceu! Tiravam a casca, lavaram com água e sabão, não teve jeito não! “Corta” mandou o patrão! Noutro dia, que espanto, a mancha voltara em outra arvore da região! O senhor de terço na mão não obtivera perdão!
No limiar na vida, antes de partir, o arcanjo voltou para ver o senhor das terras sem o coração!
À sombra da morte o pobre adentrou pela porta da casa senhorial e disse ao patrão que o perdoava, e que os tiros não doeram não! “Por que me perdoa”?
Respondeu o pobre de pés no chão:
-O que doeu foi a indiferença, a tristeza de ver algo tão cruel entre os irmãos. Chorei com a árvore chorona que não me esquecia, chorei por saber que meus filhos estavam bem, apesar da fome; chorei ao saber pelo arcanjo que um dia te encontraria, e veria que no limiar da vida, o Senhor entenderia, com o coração, o significado da palavra perdão!
Ives vietro
Bom dia
ResponderExcluirUm texto muito actual. Já não são os senhores que nos roubam e humilham. São os nossos governantes em quem votamos. Mentiram-nos e falsificaram todos os documentos. São estes que agora nos oprimem e exploram.
As árvores chorosas desapareceram.
Restam uns raios de perdão que iluminam as noites de fome e de injustiças.
Que triste pessoas ainda viverem assim.
ResponderExcluirO mundo cada vez está mais desigual e quem tem não faz nada pelo próximo.
tenha um ótimo fds =)
Quando a terra seca e os senhores do mundo não sentem a fome do seu semelhante, não haverá água que seja suficiente para o surgimento do leite e do mel, nem respeito pela dignidade humana.
ResponderExcluirMas talvez exista sempre essa capacidade de perdão, que eu em relação a muitas questões não consigo ter.
Muito intenso e verdadeiro, Ives!
xx
E o mundo esta cheio de pessoas que, por ter mais um pouco acham-se dono do mundo, da verdade e que podem tudo. Um texto reflexivo e triste também. Bju
ResponderExcluirEssa condição desumana tem dimensões universais.
ResponderExcluirPra mim um dos teus melhores textos.
Abraços querido amigo!
Oi amigo Ives, essa é uma verdadeira lição de vida!
ResponderExcluirParabéns pelo dia do poeta amigo!
Abraços
O homem consegue ser mtº. mau para o seu
ResponderExcluirsemelhante. Hoje Dia Mundial da Poesia
venho deixar um beijo ao amigo e desejar que
esteja bem.
Irene Alves
A palavra perdão...poucos conseguem percebê-la e muito menos senti-la.
ResponderExcluirAbraço
Parabéns Ives!! Lindo ,maravilhoso!
ResponderExcluirUm texto muito bem escrito!
Realmente ;Não são todos que sabem pedir perdão!
O perdão vem das pessoas humildes,de bom coração!
É verdade Ives você está sempre presente em meu blog.
Está caminhando comigo desdo começo.
Beijinhos.
Olá, tudo bem ?
ResponderExcluirO pensamento é a morada da alma. Por isso, pensamos positivos. Não nos deixemos dispersar, pelas vias dos aborrecimentos.
Tenha um fim de semana agradável.
Um abraço.
Belíssimo e profundo este teu texto,Ives!!!
ResponderExcluirBravo pelo o teu talento literário e
sensibilidade ímpar...
Abraço de paz.
Ives, texto lindo, embora triste. A desigualdade não deixará de ser uma realidade enquanto não houver uma transformação individual, de dentro para fora, dos valores de cada ser humano. Um abraço!
ResponderExcluirMeu querido amigo
ResponderExcluirUm texto infelizmente muito verdadeiro, infelizmente a desigualdade nunca deixará de existir.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Estamos perdendo a noção de se indignar diante das injustiças de cada dia.Quem diria que veríamos cenas como as que vimos _uma mulher ser arrastada por um veículo da polícia que é o meio que temos para nos defender e proteger? o que precisamos ver ainda?
ResponderExcluirUm texto que permite muitas interpretações Ives,
Bom .
deixo um abraço
Essa indiferença tomando conta do mundo. Parece normal vermos cenas horríveis ao nosso lado. Mas NÃO podemos nos acostumar com isso! abração,linda semana,chica
ResponderExcluirAhh, este ser humano!
ResponderExcluirAhh, nós!!!!
Ives, que texto triste,mas que cala em nossa alma por sabermos ser real, pois a maldade está a cada dia mais intensa em todas as áreas. A esperança é de que um dia todo ser humano se humanize. Grande abraço!
ResponderExcluirIves,
ResponderExcluirpara mim a indiferença é a tragedia da humanidade, torna algumas pessoas arrogantes e secas diante de outras.
Bjs
Dizem que cada um tem seu destino.
ResponderExcluirTenha uma ótima semana.
Meu amigo, um fato que você diz que seu pai relatou, então imagino que aconteceu há tempos, mas acontece com certeza nos dias de hoje e infelizmente acontecerá no amanhã, porque a humanidade quase nada muda, pelo contrário parece que anda para trás, beijos Luconi
ResponderExcluir*_*
ResponderExcluirdarlene alves....//
Este relato toca demais, só pelo facto de o ter escrito e de forma sublime, Ives. Não há nada de mais degradante do que o aviltamento de um ser humano, seja por que razão for...
ResponderExcluirMeu amigo, não sei se poderá haver perdão para os atores de tais atos!
Bjo