segunda-feira, 9 de maio de 2016

Amor 7

Lembro-me bem de uma noite de sábado quando meu coração falou muito mais alto que o instinto animal. Eu estava num barzinho noturno com alguns conhecidos, que falavam e falavam sobre tantos assuntos interessantes, mas o que eu mais fazia era afirmar o que falavam. Não estava ali de fato, meus desejos nos pulmões exalavam ares saudosos. De quentes fleumas eram os versos que se formavam além das letras que vinham de todos os cantos, pelos murmurinhos dos vizinhos de mesa. Subitamente, um torvelinho inesperado tomou conta dos meus amigos. Algumas meninas, sentadas à mesa ao lado, trocavam alguns olhares com eles. Sorri e incentivei-os na empreitava, mas disse que ficava de fora. Eles se levantaram e deram os primeiros passos a abordarem as meninas. Um dos que estavam comigo e que é o meu grande amigo, não acreditou bem na minha escolha, mas respeitou como os grande companheiros fazem. Havia uma tela enorme onde passava alguns clipes musicais. O mais impressionante foi ouvir a música que eu e o meu amor considerávamos a nossa. Peguei um guardanapo de papel e escrevi a minha melhor poesia. Pena que ainda não tenho coragem de mostra-la a ninguém, talvez, porque revele as minhas mais inseguras flores. Uma lágrima ameaçou a brotar da minha alma, meu amigo lançou-me um olhar conhecedor do que se passava, e apenas fez um gesto de resposta com a mão, quando viu-me partir sozinho à minha casa. O amor fez de mim um fiel escudeiro do que acreditava, e no fundo acreditava demais naquela que amava. Ao abrir o computador aquela noite havia apenas uma despedida. Foi ali que começou a ruir todas as minhas expectativas. A frustração macula o amor.

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