sábado, 7 de maio de 2016

Amor 6

Respondi a uma mensagem vinda da querida flor. Fiz promessas aos céus que não voltaria a falar com a Mulher, mas desta vez em vez de um recado de amor, tratava-se de um desabafo. Senti um peso insuportável nas costas e sem notar já abria a câmera a ouvir o desabafo. Ao ver a imagem da bela meu coração saltou. Ela estava divina, mas uma aureola negra se formara em seus olhos, e com o olhar apático ela expressou um sorriso medroso. "Que bom te ver, acima de tudo, I..." Parei no ar como um beija-flor ao que ela sentiu a minha paixão fluir da aura. E, por ficar preocupado com o desabafo, perguntei o que acontecia. Seu filho não estava bem. Uma febre repentina atacara o menino que já tomava medicamentos forte a controlar a gripe. Ela tinha pessoas e amigos a conversar mas era em mim que sentia a energia necessária a suportar melhor o momento. Conversamos uma meia hora e me despedi dizendo que oraria por eles. Parecia que ela queria suplicar algo, mas fechei tudo e voltei ao meu texto, que continuo agora. * A religiosidade num casal é importante, mas quando as ideias são díspares o que fazer? Já vi homens sofrerem tanto em nome de leis que descobriram nos ensinamentos sagrados. Homens que preferiram deixar partir uma pessoa que podia ser o amor de sua vida. Até onde vai o respeito pelas diferenças? No dia que lhe disse que sou Batista ela ficou estupefata, não sabia ao certo que eu, apesar de protestante, tenho a mente aberta a receber a luz divina, e quem acredita que só há pastores péssimos está enganado. Tive um pastor que era o amor em pessoa, que ensinava com as ações. Aprendi lições que encontro na confluência do meu próprio ser. A bondade do Verbo enviado, o amor desprendido são apanágios de raros virtuosos, e não de religiosos. Aprendi a não falar o Seu nome em vão, e por mais que tenha errado nunca passei de certos princípios. E, não desejar a mulher do próximo é de uma atrocidade quando as figuras da história são duas pessoas que nem tiveram culpa da atração tão poderosa. O que fazer, então? Qual rincão do universo podemos silenciar o coração que não consegue descansar? Ela é católica, disse-lhe que respeitava demais o catolicismo assim como respeito as outras religiões. Falamos com muita propriedade do que acreditamos, mas ela fez alguns apontamentos a cerca da minha religião. Até isso acho válido, sim, não tenho a pedra fundamental da vida, e dialogar é encontrar-se na luz. Ouvir, é ouvir verbos que te desprendem da matéria. Ouvir é ser o outro. "Tudo bem, S...., na verdade não tenho culpa da má fama que muitos pastores fizeram." E fazendo um breve comentário, os tais pastores, vis, são prepotentes, e não pastores na essência da palavra. Passado o torvelinho voltamos a amar, amar com dois sentidos que juntos eram cinco, seis, infinitos. Sentia o sabor de sua pele, sentia os olores das águas de seus olhos, que brilhavam chamas que atravessavam a tela do computador.

2 comentários:

  1. Narrativa que demanda o imenso amor, sem rótulos, sem neura alguma em você! Na sequência das mesmas é o que se lê. Muito bom esse não ao preconceito.
    Abraço.

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  2. Você sabe amar sem preconceitos. E sabe ser o amigo que está presente quando é solicitado... Gostei do seu texto.
    Beijos.

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