segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Sensíveis.

Um homem sentado sob a marquise de uma loja de ar-condicionado respirava com dificuldade o ar quente e poluído da cidade em movimento. Um cartas tão frio quanto o ar que sai pelo aparelho refrigerador marcava o valor da sobrevivência: dois mil reais os modelos mais baratos. Certamente aquele homem esfolado não poderá comprar algo tão necessário para esses dias difíceis. Ele não oferecia risco aparentemente, mas as grades eletrônicas empurraram o pobre até fazê-lo cair na calçada. Veio-me à lembrança os senegaleses deixados na praia; alguns ainda vivos. Do lado de dentro está o todo poderoso, aquele que não tem a capacidade de julgar, de sensibilizar-se, eis o grande cancro da humanidade. As desigualdades são intolerantes. Mas dessa vez algo inusitado ocorreu, o homem de pés descalços levantou-se e ajoelhou-se, e ao pedir um copo de água, a grade eletrônica foi aberta e da loja saiu uma menina linda com um copo na mão. Sim e sim, há vontade no imo das pessoas. No fundo, e friamente, é o desejo de igualdade que revela o quanto um dia podemos estar na mesma situação do homem na sarjeta. Sim e sim, há pessoas com compaixão no coração, mas esses são os especiais. O que impera é o senso de justiça, e ao nos colocarmos na pele do sofredor sentimos o coração latejar, mas acabamos castrados pelo pudor social. Quem disse que o homem na rua merece um copo de água? Ajudar um delinquente? Mas gente, o ato em si gera outro ato em si e vira uma avalanche de luzes. É preciso ter fé. É preciso ter coragem e acima de tudo, entender que o planeta depende dos sensíveis para tocar no coração do Sr Frio. O delinquente da rua deve parar de roubar a sociedade, o delinquente da loja deve vender o que é justo, pois só o movimento da consciência pode garantir água, solidariedade e igualdade a um planeta tão desumano! Ives vietro

6 comentários:

  1. Aplausos,Ives! Muito em escrito e colocaste bem o que acontece e como seria melhor se o egoísmo e ganância deixassem de existir... abração,chica

    ResponderExcluir
  2. Que ótima postagem. Perfeita!
    E como seria bom realmente, se acabassem as roubalheiras, e as pessoas tivessem mais caridade, e amor no coração!
    Abração Ives!
    Mariangela

    ResponderExcluir
  3. Excelente texto, Ives!
    Realmente a insensibilidade, a superficialidade, a ambição... são mesmo as doenças da humanidade... nos tempos que correm...
    Saibamos nós fazer a diferença... pelo menos... para não sermos iguais aos restantes...
    Bjs! Boa semana!
    Ana

    ResponderExcluir
  4. A desumanidade está terrível! O grande erro de muitas pessoas é achar que estão livre de tudo e que as coisas ruins só acontecem com os outros mas não é verdade, a vida mostra que não é assim, mas como entender a insanidade de alguns?

    Abraço

    ResponderExcluir
  5. OI, Ives...de fato, a empatia é o único sentimento
    que pode trazer a mudança social, sentir-se na pele do outro é o fator primordial da solidariedade que pode gerar a possibilidade de uma maior igualdade entre os homens.

    Um abraço

    ResponderExcluir
  6. Infelizmente as coisas estão muito ruins...cada um por si! Bela reflexão! abraços, chica

    ResponderExcluir