terça-feira, 8 de setembro de 2015

Crescimento

O fel da consciência racha a alma e verte o cristal molhado. Uma irmã, a irmã, doava sempre muitos presentes ao irmão recluso. Batia na porta de aço, e um sorriso raro estendia o objeto que representava o afetivo laço de sangue. O irmão sorria debochado, e nunca, nunca agradecia com um abraço apertado, ou com uma palavrinha mágica que pode sempre vir do coração. O tempo-escola passou, o irmão sozinho, no véu do quarto ouviu a canção que tocava no dia que recebeu mais um presente da irmã. Olhou sobre as prateleiras vazias e abriu as gavetas. Um cartão postal nunca lido traziam as seguintes letras “Não tive culpa”. Aos poucos o irmão foi colocando os objetos nas prateleiras e lembrando o quanto aquelas peças valiam. Eram singelas. A irmã podia doar-lhe mais, mas era com simplicidade que pedia um pouco de afetividade. O menino olhou ao espelho, e descobriu que na estrada há coisas que só ele poderia fazer por ele, e nada, ninguém tem culpa dos acontecimentos que partiram de uma escolha. No Caso, o menino mimado se fechou por um amor perdido, e fez um pedido a irmã que fazia tudo por ele, que tentasse reaver o seu amor. Ela não fez, e durou muito essa infantilidade, até a canção, que toca vinda da divindade, afetar o espelho dos olhos. O irmão olhou ao horizonte orvalhado que dizia: "sabia escola". Saiu correndo, comprou um cartão simples e escreveu: "perdão". Noutro dia, bateram na porta, era a irmã que sorria dizendo, cresceu irmão. ives vietro

6 comentários:

  1. A dignidade da aceitação da própria infantilidade postergada é crescimento interior, realmente.
    Abraço.

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  2. Relações de afeto são assim...de sangue, então são partes da alma...é só esperar!
    Um abraço

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  3. Que lindo, ainda bem que todas as almas crescem, evoluem, ainda bem!
    Amor fraternal é tudo o que nos faz feliz, mesmo que demore, as pessoas se reencontram no amor!
    Amei ler amigo Ives!
    Abraços!

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  4. Super legal Ives,que você cresça cada dia mais nas sus ideias, na criatividade e inspiração pra escrever
    Abçs e boa semana

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  5. Texto tocante e muito belo, Ives!
    Assumir os erros, aceitar e conviver com isso... continua sendo das coisas mais difíceis de interiorizar... e mostrar aos outros... muito mais difícil ainda... mas não deveria ser assim...
    poupar-se-ia muita dor inútil para nós, e para os outros...
    Bjs
    Ana

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