Alcoolismo

Não uso mais a palavra fracasso para designar as lições tiradas do tempo. Agora acredito nas raízes que perfuraram o solo da imaginação. Os grandes erros pulverizados em milhares de sombras fizeram de mim a fagulha na escala do crescimento. Deixei algumas cinzas no chão. Inevitáveis? Um grande amigo meu me disse uma vez que os seres iluminados não causam dano algum nas pessoas; é o silencio em torno da aura celestial, então! Sim, já senti seres assim perto de mim. Pessoas que se agruparam na fogueira santa da compaixão. Mas o que fazer quando a noite o espectro chamado Consciência exala um pestilento aroma no pensamento? Foi só após ler muitos livros que redescobri a mãe da expressão. Há um caminho no fundo da nossa alma, que perscrutas nossas ações e espelha da luz o caminho correlato aqui nesta Terra. Achei na poesia o remédio para a minha enfermidade, Santa luz! E agora acredito que pelo mesma estrada deveriam as almas trilhar, antes de as bombas serem deflagradas. Recebi das mãos do entendimento a grande razão ao estender os segundos contados. Agora, são mais de dez, mais de mil segundos contados. Confrangido o ser retorna com os olhos envergonhados. Ele estava perdido no caos de seus espectros como eu estive algum dia. Como um dia ainda estarei diante deste ser que não machuca mais ninguém. Quero receber se suas mãos o laço da certeza que fui perdoado. Não adianta deixar o silêncio e o esquecimento suplantarem no solo fértil do coração as feridas sangrando na pele de irmãos. Arrependo-me quando fui exaltado por ser o grande e inteligente pensador. Nas rodas das bebedeiras isso é muito fácil de ser. Mas ao ser elevado que busco é com emudecimento que tilinta o sino da luz que esta no paraíso. Entendimento? As dores cercearam a minha pele também. Chorei por me achar derrotado. Em meio à crise ainda me lembro de uma pessoa que rasgou o meu peito. Digo sangrou porque agora o que impera é o entendimento. Quando comecei a ler poesia, a Srta do meu sangue disse que eu não seria jamais um poeta, ou escreveria qualquer texto que fosse apenas por não saber do que se tratava um haicai. Não sei nada. Antes de adentrar a este universo florido tinha como filosofia as palavras deixadas por Sócrates. “Só sei que nada sei”. Não sou poeta, nem escritor. O que faço é para fugir do alcoolismo. Esses dias vi uma entrevista no Abujanra de um morador de rua que abandonou a casa, a família, por se sentir como eu já me senti muitas vezes: derrotado! O ser humano é cruel, gente. Quantas vezes fomos massacradas por comentários perniciosos? Mas tenho algumas fagulhas de esperança quando recebo um sorriso fortuito, ou quando sou criticado com base num futuro promissor que posso oferecer! Esses dias a mesma pessoa que me "humilhou ' voltou elogiando os meus últimos textos. Poderia dizer que a perdoava, que havia acordado da loucura que havia afundado, mas não, não sou tão evoluído. Deixo o silencio falar agora, ao menos isso, meu anjo. Não atiro bombas sem contar no relógio os meus passos rebrilhando na jornada luz aqui na Terra! abração,