Dama de Ferro!

Espera-se mais das pessoas mais velhas? Que grande ilusão, coração! São as pessoas iluminadas, as procuradas! Cronologias vãs. Os anjos voam além das estradas do tempo. É o sol, a lua, e as vozes que divinamente estão em sintonia com o presente: grandioso presente! A menininha de olhos sulcados olhava-me com ares poéticos. Linda profundidade na estrada de ferro. E o movimento tácito trouxe à minha realidade aquela formosura de resposta. A simplicidade é a aureola do verbo, a aura da beleza, e a suntuosidade da verdade! Como ela soube do meu abatimento? Eu acabara de deixar um brilho sentimental escapar pelos vãos da pele, tocou levemente a Dama de Ferro que suspirava a minha tristeza. Ela disse: “Que lindo por do sol”. Esse por do sol tão subjetivo à revelia dos meus sentimentos inconstantes? Mas além, bem além, um morro interpelava a minha alma! “Vai olhar às flores os tristes campos secos”? Esperar? Esperar por uma onda musical, por uma lágrima outonal, para que nos acordem a divina poesia do coração? Esperar pelo súbito arrependimento? Já que o brilho azul ecoa no vento, espelha no tempo, gloriosa luz! A mulher à minha frente ouviu o meu pulsar sobrenatural, as luzes azuis acabara de adentrar na minha alma. Fechei os olhos e deslumbrei a montanha internamente: campos floridos, canções celestes, e no centro um homem olhava a si do alto, ele acabava de crescer, de descobrir que aquele amor se revestia de felicidades efêmeras, e só naquele campo de belezas divinas poderia desvelar a verdadeira vocação dos anjos em mim! Era eu ao centro. Acordei e a Dama de Ferro não estava mais a minha frente. Ao perguntar aos circunspectos onde estaria a Dama além do tempo, responderam que não viram ninguém. Mas o aroma das rosas do campo ainda estava ao ar revelando que o anjo de Ferro veio para abrir os meus jardins internos, além da pele e dos metais, jardins reais! Abraços Ives Vietro