Fantasmagórico
Que não tenhamos duvidas que no dia dos olhos ensombrecidos pela angústia, o Verbo maior virá e doará razão, mas não sem fazer sofrer até aliviar e retornar ao mundo dos vivos! Olhos despedaçados, separados na cortina da memória, na sinfonia de canções que provocam mais dor que fúria, nas rodas que rasgam um trilho selvagem no chão, caminho da casinha perdida na colina, sulcos que se parecem rasgos no rosto da menina que agora já voava nos céus dos meus últimos dias em festas! Ela não tinha para onde ir, e agora, com olhos foscos e fantasmagóricos, saía do rio que margeava o pesadelo em que habitava! Seus dentes escorriam sangue, acabaram de devorar os meus pés, e partia com avidez em busca do meu coração! Por trás um corvo ressoava seu canto fúnebre, depois se transformara em urubu, esperando meus restos carcomidos! Não, meus restos não se deteriorariam mais, seria a alma em pranto que veria diante de mim a megera por quem me apaixonara, e que não me dera o seu corpo em nenhum momento! Agora parecia que queria fazer a justiça pelas próprias mãos, na vingança que machuca mais que toda a dor existente entre os céus e a terra. Ela queria mostrar a frase que eu ditara no vento, aos seus ouvidos. Disse que seria um dia, apenas mais um olhar naquele pano de fundo cheio de trios escorridos de lágrimas azuis, verdes e vermelhos! Uma nota ao piano acendeu a luz, e agora diante de mim não eram mais seres tocando músicas, e sim o meu próprio mundo que voltava atirando flechas de fogo. Diante de mim a verdadeira e silenciosa janela dizia que eu voltara; não deixara em mim o sopro do sonho congelado, estava estático e dependurado no fio da moça que sentia por perto. Ela estava do outro lado, num universo que raramente se vê,e que o mais afortunado, com olhos puros podem ver, mas eu, empobrecido por mim, sentia apenas o seu aroma doce. A única que podia vir me busca no inferno,.a única que fora o pano de fundo de todos os meus atos selvagens e frios, a única que dera a sua mão com nobreza de espírito. Seu nome? Um nome espalhado por todas as minhas experiências, uma doce e melancólica perdoadora, que concedeu seu calor sem pedir perdão, que amou em silêncio e só, e que podia ver claramente que enfim eu levantaria e seguiria pela estrada do aroma, depois seria luz, céus e amor, pleno amor! abraços
Ives, lindo texto, muitas vezes vivemos sonhos ou pesadelos, gostei da profundeza da escrita!
ResponderExcluirAbraços!
Ives!
ResponderExcluirDescer às profundezas da alma e de lá sair amparado por mãos perdoadoras... isso é sublime!
[ ] Célia.
Mais um texto profundo e sublime amigo, parabéns! Abraçosss
ResponderExcluirBonita descrição de uma viagem ao nosso interior - sonhos e pesadelos que nos ferem e retalham os sentidos.
ResponderExcluirBom dia Ives, Um texto muito bonito, uma viagem ao profundo da alma. Você é sábio menino! A cada escrita se supera amigo.
ResponderExcluirSeu blog está muito bonito. Parabéns viu?
Um abraço amigo.
Maria Machado
Um lindo resgate ao mais profundo sofrimento feito por um anjo! Belíssimo.
ResponderExcluirAbraços!
Do outro lado
ResponderExcluirDa terra
Do universo
Do céu
De uma ou muitas notas musicais
Por entre, sobre, sob, além do que raramente se vê
E que qualquer um pode ver
Embora só os mais sensíveis e arrisco dizer calejados vêem
Com olhos puros vejamos, reparemos, sintamos o aroma, o gosto, o prazer da saudade que é sinal da presença que já houve, da presença e vida eterna de nós nos outros e nas coisas
E de tudo em nós
Lindo texto Ives,um verdadeiro passeio dentro da alma!
ResponderExcluirObrigada da visita.
Bjs
Carmen Lúcia-mamymilu.blogspot.com
Uma grande viagem,o visível e o invisível são
ResponderExcluirpróximos e sempre pode ser sentido pelo o aroma,
pela luz e pelo o amor...
Sempre maravilhoso ler-te!
Abraço,Ives!
Não exatamente fantasmagorico, mas misteriosamente envolvente.
ResponderExcluirBjs
Olá Ives
ResponderExcluirSempre aparecerá uma mão amiga para nos tirar dos pesadelos e nos envolver num suave acalanto.
Abraço
Uma viagem ao interior da alma bem profunda..
ResponderExcluirAbçs
Pois é... quando nos deparamos com a vida... com o tempo, esse grande aliado e até um forte inimigo, que nos envelhece de corpo e deixa a alma jovem... a alma que viverá mil anos amando e querendo o amor...
ResponderExcluirBelo texto... adorei!
Um resgate com toda ternura do amor! Parabéns por mais esse belo texto! Beijos, Vilma
ResponderExcluirOi Ives
ResponderExcluirMais um texto enigmático, onde fez uma viagem ao infinito da sua alma e não gostou do que encontrou lá. Deu-lhe calafrios e medos que logo foram sanados ao acordar.
Beijos
Lua Singular